sexta-feira, 3 de outubro de 2014

[RESENHA] Enquanto a Chuva Caía

  Título: Enquanto a Chuva Caía
  Autora: Christine Melo
  Editora: Novo Conceito    Selo: Novas Páginas
  Páginas: 288
 Sinopse: Erik não procura mais a garota dos seus sonhos. Vive em busca de adrenalina e de uma razão para continuar cumprindo tarefas obscuras. Ele sabe que é muito bom no que faz e não vê nada que possa ser melhor do que seus dias repletos de perigo. O que Erik não esperava é que sua paixão por correr riscos seria a sua ruína. Ameaçado, ele precisa fugir para o exterior e viver disfarçado de cidadão comum, trabalhando como advogado em uma grande em uma grande empresa. Marina comanda o império da família depois de seu pai ter sucumbido ao mal de Alzheimer. Precisa suportar ver os pais tombares diante da ação implacável do tempo, enquanto ainda carrega a ferida provocada pela morte do jovem marido. Com o comando das empresas nas mãos, ela percebe que nem todas as atividades da corporação obedecem as manuais da boa conduta. Quando ambos se encontram, presente e passado se misturam, dando início a um mistério arrebatador  que os atrai a uma paixão incontrolável. No entanto, os segredos, cedo ou tarde, virão à tona e os colocarão em lados opostos da balança. Nenhum do dois é inocente, mas será que eles aceitarão as verdades que tanto se empenham em esconder? É possível construir um futuro mesmo depois de descobrir que nesta história não há mocinha nem herói?
  
 
O que eu achei: Creio que muitos leitores conhecem a sensação de ler um livro e ficar pensando nele por um tempão. Acordar no meio da noite certo de que ouviu os personagens conversando bem ali, no seu quarto. Imaginar como seria se você se deparasse com eles, como seria suas vozes, embora você já tenha uma certa noção. Criar novos finais para o livro em sua cabeça, embora nenhum deles chegue aos pés do original. Perguntar a si mesmo se um dia conseguiria escrever alguma coisa semelhante e concluir sempre que não, que na verdade ninguém conseguiria. Com certeza há muitos outros exemplos de efeitos colaterais de uma leitura como essa. Por hora, essas são suficientes. Isso porque Enquanto a Chuva Caía é um livro que cria um novo retrato da literatura nacional moderna. A escrita de Christine Melo é uma coisa realmente fantástica e cara, eu estou simplesmente travada, não sei o que dizer!


  Para começar a sinopse já apresenta uma história de tirar o fôlego. Espaço para segredo: admito que quando vi o livro no Facebook  da NC não dei muito ibope para a história, porque a minha lista já estava muito grande. Mas daí as resenhas começaram a pipocar no meu face e logo eu estava pirando para ler o livro o mais depressa possível. Tomei um conhecimento mais profundo da Chris e vi que ela é um ícone, uma referência quando se trata de literatura brasileira moderna. Comprei o livro na Bienal. Conheci a Diva. Li o livro em menos de 24 horas. Quase infartei.

   Essa linha histórica é a melhor para se expressar o que ocorreu comigo. O livro me capturou de uma forma muito intensa e peço desculpas caso eu não consiga me expressar muito bem. Para começar, vamos falar da escrita. Melo tem um talento especial, por conseguir equilibrar tão bem o enredo da história nas mãos de seus protagonistas. A narração é feita em primeira pessoa pela Marina e pelo Erik  e não, não é confuso. Não há uma identificação de quem está falando ao começar o capítulo e isso não faz falta alguma. Quando fala por meio de Marina, Christine apresenta uma narrativa mais doce, sensível e feminina. Quando é Erik narrando, a leitura fica mais agitada, mais máscula e digna do personagem. É uma combinação totalmente perfeita. A história é tão intensa que uma narrativa em terceira pessoa não daria conta do recado e apenas um narrador não expressaria o necessário. Logo, com os dois protagonistas narrando o livro, conhecemos melhor as particularidades e personalidade de cada um e isso faz com que nos apeguemos intensa e profundamente a eles. Decidi que isso é bom. Terminei o livro há dezessete dias e ainda estou muito envolvida.

  Os personagem também são bem definidos. A narração em primeira pessoa já consegue nos passar uma impressão boa de cada um e como eles são, mas além disso as descrições presentes nos livros também estão presentes. E isso não se limita apenas à descrição física, feita muito bem, aliás. Também inclui os medos, pecados, lembranças, personalidade, pensamento, opinião e todo o mais que você quiser acrescentar. Melo criou personagens humanos, que não fazem tudo certinho, não são mocinhas e nem são heróis. Toda essa humanidade tornou a leitura mais confortável, pois os erros que eles cometem poderiam ser nossos, as dúvidas deles também poderiam ser as nossas. Eles não são nenhum senhor ou senhorita perfeita, como anda acontecendo em alguns livros ultimamente. E como a própria sinopse já deixa claro, não são mocinha ou herói. Todos eles têm seu lado obscuro. 

  A originalidade da história também me chamou a atenção. Eu nunca vi um livro com premissa semelhante e é justamente por isso que eu não sabia o que esperar do livro e é também por isso que eu me surpreendi. A autora nos guia através de seus personagens numa história imprevisível, onde toda aquele humanidade dos personagens não nos deixa sequer formar uma hipótese do que se sucederá. Realmente gostei disso, foi uma experiência incrivelmente empolgante, ler com os olhos vendados. Nisso pode-se incluir totalmente o final e o pré-final, que trouxeram um clímax e um desfecho incríveis. É meio bombástico demais a forma como tudo acontece e isso é um pontaço para o livro.

  Não encontrei erros significativos no livro de revisão ou diagramação e isso foi bacana. A capa está simplesmente perfeita, do tipo que chamaria a minha atenção caso eu não soubesse do que o livro se trata e faz jus ao título e significado da obra. Os trechos de música no início de cada capítulo deixam um gostinho do que vai acontecer nas próximas cenas, o que torna o livro um jogo interessante. A letra está de tamanho perfeito e diferente do comum dos livros e sim, eu TAMBÉM gostei disso. 

  Enfim, Enquanto a Chuva Caía é o tipo de livro que encanta todo tipo de leitor porque mistura praticamente todos os gêneros literários. Chris agora ganhou uma FFF (fiel fã fanática) para o resto de sua vida e carreira que eu espero que dure mais uns bons duzentos anos. Quero mais Christine Melo, quero mais dessa escrita maravilhosa! Que venha Sob a Luz dos Seus Olhos! Leiam esse livro, galera, simplesmente leiam! Vocês não se arrependerão do tempo rico que passarão lendo esse romance, muito menos da noite que adentrará virando as páginas. Concordo com a Mariana Mortani do Magia Literária: A Chris é o tipo de escritora que eu quero ser e escrever tão bem quanto ela quando crescer. Escritora imperdível!

  Avaliação:
5 estrelas!!!
*_*
  

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